És raiz que não se prende,
és asa que se estende —
mulher que brota, livre,
no solo duro do mundo.
Tens no ventre a criação,
na voz, a insurreição serena,
nos gestos, a arte de florescer
onde antes só havia pedra.
Teu feminino é fonte —
não de fragilidade,
mas de vida que insiste,
de beleza que resiste.
Enquanto o mundo se arma em aço,
tu te armas de palavra e cuidado.
Enquanto estruturas se tornam secas,
tu regas com presença,
tu semeias com intuição.
Trazes equilíbrio onde há excesso,
acolhimento onde há dureza,
fertilidade onde a estagnação calou.
És tempo, ciclo, renovação.
És a pausa que nutre,
o movimento que transforma.
Mulher, tua liberdade não se mede —
ela dança, transborda, cria.
És força que se disfarça de flor,
és silêncio que revoluciona.
E por ti,
a vida insiste em começar de novo.